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Em n muitos começam a olhar iamamiwhoami de outro ponto de vista, como um projeto que tem uma mensagem ecológica. Dos vídeos bounty, este é o que mais mostra a natureza: Árvores e mais árvores contrastam com copos de plástico, papel, papelão, canos e outros materias sintéticos. Seria a mandrágora uma representação da natureza sendo controlada pela industrialização (os homens e seus produtos sintéticos)?

Seja qual for a ideia por trás de n, o vídeo está focado em uma palavra: Transformação. Lembrem que ciclos nada mais são do que transformações contínuas e repetitivas.
No começo a mandrágora está em uma forma completamente natural, totalmente verde, uma verdadeira planta. Logo seu corpo é coberto pelo alumínio ao redor, mais um produto sintético, até formar um casulo. Um casulo é um estágio intermediário entre duas formas, totalmente isolado do ambiente ao seu redor, no qual algo pode se transformar. Como o casulo é feito de alumínio, a mandrágora irá se transformar de algo natural para algo cada vez mais artificial, como será mostrado nos próximos vídeos.


Uma das transformações de iamamiwhoami: De natural para sintética. Mais tarde, iria de pura a prostituta.

O espelho reaparece em n. Na cena que percorre o corredor de papéis e canos, vemos a câmera com uma criança filmando. A criança representa o começo do ciclo da vida, seria então uma representação dos expectadores que acompanharam o projeto desde o começo? Ou uma tentativa de dizer que o projeto ainda é uma criança, com muito mais para mostrar? De qualquer maneira, a mensagem que a cena passa é: O expectador é a criança, olhando a si mesmo através do projeto. O espelho é a reflexão, ou seja, o espectador passa a refletir e se questionar após ver os mistérios de iamamiwhoami.

Além da câmera, outros objetos eletrônicos como um computador aparecem pelo corredor, todos feitos de madeira. Uma junção do natural com o sintético.


O espelho e a transição entre dois mundos: O real e o mundo imaginário de iamamiwhoami.
Em outra cena, Jonna aparece no seu figurino típico de mandrágora: Cabelos loiros e corpo preto. Mas diferentemente dos outros vídeos, ela está apenas com parte do corpo assim. Seus seios estão cobertos com desentupidores de pias (mais um objeto artificial). Em suas mãos estão copos de plástico com seiva/esperma (no fundo ambos significam a mesma coisa, alimento), iguais aos que estão espalhados por toda a floresta. A mandrágora aparece em uma porta, um símbolo de transição e mudança. Oferece ao espectador o leite e depois desaparece. Ao retornar, a mandrágora aparece coberta com garrafas PET andando pela floresta. O vídeo gira em torno da transformação e agora a transformação está completa: Já está mais para um ser artificial do que natural.

Voltando ao enredo da história, o cachorro aparece em todo o vídeo. Entende-se que ele esteja perseguindo a mandrágora, talvez controlado pelo Underpants.

My worst fear is real life.

Por: Paulo Pinheiro

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