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Depois de utilizada, a mandrágora é mandada para seu dormitório, uma espécie de estufa junto com outras árvores. Cai a noite e a protagonista começa a cantar. Ao seu redor, árvores antropomórficas com olhos e bocas. O teto está cheio de folhas ressecadas e gatos, enquanto a luz tenta penetrar por buracos na parede e no teto.
A música, uma balada eletrônica recheada de sintetizadores e ecos, começa com cenas da mandrágora tentando se libertar do tecido que a prende. Ao mostrar seu corpo, está com um colar elizabetano, um objeto usado em animais feridos para impedir que se machuquem. Levando em consideração que a mandrágora também é planta, pode-se imaginar que o colar seja usado para colher água.


Mandrágora utilizando o colar elizabetano: Proteção ou coleira? Segurando um cabo de vassoura, a mandrágora brinca com uma lâmpada quebrada acima da sua cabeça. A luz é um símbolo de força maior, conhecimento, esclarecimento, verdade, pureza e clareza. Divindades de todas as religiões são representadas envolvidas por luz, uma sabedoria divina que cabe aos seres humanos procurarem. Em o, estes conceitos parecem não ter relação nenhuma, mas mais para frente ficará mais claro.
Apenas tendo em mente estas ideias sobre luz, voltemos à cena da mandrágora olhando para a lâmpada.
A lâmpada está bem ali, acima de sua cabeça, mas está quebrada, é inútil. Falta a luz que a mandrágora tanto procura (assim como a luz é alimento para plantas, o conhecimento é alimento para a mandrágora em sua jornada).


A mandrágora olhando para a lâmpada quebrada: A luz que ela procura está faltando. Ao longo do vídeo, a estufa em que a mandrágora se encontra passa por vários jogos de luzes. Entendendo a luz como conhecimento, é como se várias revelações fossem sendo feitas, para um entendimento final: Ela perdeu sua liberdade, está aprisionada e sendo usada.

Numa das salas, encontram-se 9 árvores (9 é o número dos ciclos na numerologia. Representa o fim de um ciclo para começo do outro. Exemplo: 9 meses da gravidez).
O que passa despercebido aos olhos de muitos é que no peito da mandrágora há um pentagrama. Este símbolo, presente em inúmeras culturas ao longo da história, tem vários significados que se aplicam ao conceito do projeto.
Na cultura chinesa, é um símbolo de ciclos: Cada ponta representa um elemento, gerado pela ponta anterior.
Na cultura egípcia, era uma representação do útero e aparelho reprodutor feminino.
Para a Wicca, é a união dos três aspectos da Deusa e os dois aspectos do Deus (união de masculino e feminino, ou seja, sexo).
Em suma, é um símbolo de fertilidade, sexualidade e ciclos. Tudo a ver com o que o projeto fala.


O pentagrama no peito da mandrágora: Um dos vários símbolos de fertilidade que estão em todos os vídeos.
Entendendo os símbolos do vídeo, voltemos ao enredo da história: Aprisionada, a mandrágora tem um esclarecimento, uma luz que a faz tomar uma atitude. Aprisionada e sendo obrigada a ceder às vontades dos homens, ela decide fugir. Coloca o colar e os morangos na planta do começo do vídeo (um disfarce) e escapa.
Em resumo, o mostra a comunhão da mandrágora com as plantas da estufa, sua reflexão (por mais que não seja algo explícito) e sua decisão de fuga.

Por: Paulo Pinheiro